Casa da Amizade define indicadores e fortalece a área pedagógica de seus projetos

Casa da Amizade foi fundada em 1995, em Paraisópolis, na área mais vulnerável da segunda maior comunidade do município de São Paulo, conhecida como Grotão de Paraisópolis. No início de sua história, a organização distribuía alimentos, mas, com o passar do tempo e a necessidade de atender outras demandas da população, implementou aulas de capoeira e atendimento médico com terapias alternativas.

Em 2016, um incêndio destruiu a sede da instituição, que montou e passou a operar em um conjunto de containers onde estão as salas de aula, cozinha, banheiros e administração, além de contar com uma quadra esportiva.

Desde 2015, a instituição tem se dedicado a oferecer oportunidades de educação a crianças e adolescentes (6 a 14 anos), por meio do Projeto Escolar, no contraturno, com reforço de aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática, além de aulas de esporte, dança, inglês e projetos pedagógicos, que trabalham temas como equidade racial. A atuação da casa acontece por meio de parcerias com escolas públicas e outras organizações sociais do território.

Em outra frente de atuação, a Casa da Amizade mantém atividades para engajar as famílias dos atendidos, por considerá-las essenciais no processo de recuperação da aprendizagem de crianças e adolescentes. Para estreitar esse vínculo, realiza reuniões semestrais, aulas de dança para adultos e passeio com as mães em maio.

Em 2022, atendeu 200 pessoas, com foco no público infanto-juvenil.

Impacto do Programa de Fortalecimento Institucional

Com a participação no programa do Instituto Unibanco, a Casa da Amizade investiu os recursos do edital para trabalhar três desafios, cujas estratégias e ações para superá-los já foram iniciadas: criar mecanismos eficientes de monitoramento do Projeto Escolar, por meio de avaliação externa; aperfeiçoar o processo de captação de recursos; e melhorar a qualidade dos processos da área de gestão de pessoas.

Com relação à avaliação, contando com apoio de duas consultoras externas, a equipe da organização definiu três ferramentas para monitorar a aprendizagem dos atendidos. A primeira, chamada “Alicerce”, é uma avaliação realizada semestralmente com foco nas habilidades de Matemática, leitura e redação, seguindo as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para saber se o aluno aprendeu ao que é esperado para seu ano escolar. Os resultados detectaram uma média de defasagem de aprendizagem de dois a três anos.

A segunda ferramenta é uma plataforma em que estão catalogados mais de 700 livros infantis, que a organização paga mensalmente para utilizar, e que gera relatórios sobre quantidade de livros lidos por cada aluno e o nível de compreensão do conteúdo das publicações. A equipe da casa está se apropriando da plataforma para utilizá-la com mais eficiência.

Um terceiro instrumento utilizado trabalha o ditado de palavras para acompanhar a evolução do letramento dos alunos, foco de atenção, especialmente após a pandemia da Covid-19, que ampliou as deficiências de aprendizado. Uma etapa que ainda precisa ser trabalhada na avaliação é conseguir acompanhar a evolução dos alunos ano a ano e, também, comunicar os resultados do monitoramento para as famílias.

Neste ano, a organização está desenvolvendo indicadores que permitam implementar melhorias no projeto para torná-lo mais eficaz e para engajar parceiros e investidores.

Tendo em vista o desafio de ampliar os instrumentos de captação, a equipe da casa mapeou outras fontes de recursos, como as leis de incentivo, e está se preparando para entender quais processos e documentos envolvem a submissão de projetos. Também montou uma planilha de controle, mas ainda precisa encontrar um instrumento que se adapte à necessidade de monitorar a validade dos documentos. A utilização do botão “doe”, no site, foi outra tentativa para ampliar recursos captados, mas não trouxe resultados.

Com o objetivo de fortalecer a gestão de pessoas, a casa contratou uma coordenadora pedagógica para acompanhar os educadores, com conversas individuais e ações para o grupo, aperfeiçoando, dentre as diferentes tarefas, o planejamento das aulas. A falta de tempo disponível e a equipe enxuta acabam por dificultar a participação dos educadores em cursos, aspecto que está sendo analisado em 2023, para encontrar soluções que conciliem o tamanho da equipe e a dedicação às formações do Programa.

“A etapa de diagnóstico foi muito importante pois além de possibilitar uma autoavaliação dentro da organização, também permitiu conhecer similaridade com outras organizações. É importante saber que nossas dificuldades também são comuns a outras instituições.”

Fonte: institutounibanco.org.br